O QUE SIGNIFICA O USO DOS SOFTWARES LIVRES


Sempre ouvi falar em Software Livre (SL)  e sempre o associava a gratuidade, para mim, software livre era aquele que não precisava pagar para usar. Fiquei surpresa em conhecer a partir da leitura do texto de Bonilla e das discussões na aula sobre SL que ao contrário do que se pensava, o que caracteriza o SL não é sua gratuidade, mas a  disponibilidade do seu código fonte (a base da construção dos software – a sua receita) para que o mesmo seja alterado na perspectiva da produção e  socialização do conhecimento. Já os Softwares Proprietários (SP) são gratuitos, mas necessitam de uma licença para seu uso, e no seu modelo de negócio há a limitação do seu uso não disponibilizando o código fonte. Em síntese, o SL tem um modelo aberto e o SP tem um modelo fechado em sua estrutura para ampliação, produção e modificação dos mesmos numa lógica cooperativa de construção do conhecimento.
O que mais me chamou a atenção sobre os SL foi a sua concepção anticapitalista muito bem evidente e contrária a lógica mercantilista dos SP. Algo que nos foge o conhecimento, pois estamos tão condicionados a utilizar os SP que o conhecimento sobre a existência e natureza dos SL nos passa despercebidos e muito pouco discutidos, sobretudo nos cursos das licenciaturas.
Gostaria de marcar aqui, o que destaquei nas leituras a respeito do significado do uso dos SL livres:
  •   O uso dos SL significa um movimento social num plano político com liberdade. SL significa a democratização do acesso à tecnologia e ao conhecimento;
  • O SL é um novo/outro modelo de produção e socialização do conhecimento centrado na colaboração e na interação entre as pessoas numa metodologia descentralizada, cooperativa e criativa, rompendo com a ideia do poder centralizador da informação e do conhecimento;
  • O SL implica numa opção filosófica e envolve: liberdade, criação, cooperação e partilha do conhecimento.

Isso implica em construir uma nova cultura mais justa, mais solidária que oportunize a articular redes de produção e socialização que permitam a todos usufruir dos bens produzidos pela humanidade.
Que busquemos construir uma cultura que nos possibilite conhecer sobre as diferenças dos softwares livres e proprietários, para que optemos por um ou outro ao qual nos identificamos e que marque bem nossas escolhas políticas e ideológicas com coerência entre palavras e atitudes.

Referência: BONILLA, Maria Helena. Formação de professores e software livre: para além da dimensão técnica. In: FANTIN, Monica; RIVOLTELLA, Pier Cesare. Cultura Digital e Escola: pesquisa e formação de professores. São Paulo: Papirus, 2012. 
 

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Alfabetização e letramento: algumas considerações


O analfabetismo não é um problema individual. Consiste numa realidade social que necessita ser transformada. Ler e escrever são direitos de todos os cidadãos, desse modo, se faz necessário criar condições favoráveis para que o sujeito possa aos poucos dominar a leitura de textos e o código da escrita. A questão consiste em acreditar na capacidade do aprendiz, pois alfabetizar é desenvolver no indivíduo a construção de conhecimento em todas as áreas e conteúdos, seja qual for a sua situação social, econômica ou política, para que a sua atuação na vida seja o mais independente possível.
            Neste sentido, as práticas pedagógicas devem buscam a introdução ou o resgate de importantes dimensões da aprendizagem significativa e das interações, bem como dos usos sociais da escrita e da leitura, articulados a uma concepção de alfabetização e letramento, por entender a alfabetização como um processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabéticos e ortográficos que possibilitam ao aluno ler e escrever com autonomia. E por considerar o letramento como um processo de inserção e participação na cultura escrita, que tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes formas de escritas no cotidiano e que se prolonga por toda a vida, com as possibilidades de participação nas práticas sociais.
Essa concepção baseada nos estudos de Magda Soares (2001) considera que alfabetização e letramento são processos diferentes, cada um com suas especificidades, mas complementares e inseparáveis, ambos indispensáveis. Assim, entende-se que a ação pedagógica mais produtiva e adequada deve contemplar, de maneira simultânea e articulada, a alfabetização e o letramento.
De acordo com os estudos de Soares (2004), no Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se sobrepõem e às vezes se confundem. O termo Alfabetização funcional (saber fazer uso da leitura e da escrita) aproxima o termo alfabetização de e letramento e que é divulgado pela mídia.
Vejo que o conceito de letramento está vinculado ao conceito de alfabetização, tanto na perspectiva teórica, quanto na perspectiva da prática pedagógica, num processo de invenção da palavra e do conceito de letramento e numa reinvenção da alfabetização. A invenção do letramento enquanto a construção da leitura e da escrita vinculada a práticas sociais se mostra sem dúvidas como sendo de maior importância, pois ela é mais do que simplesmente saber ler e escrever sem sentido nas práticas sociais e essa é realmente uma situação muito comum nas escolas e na sociedade em geral que afeta na compreensão da realidade, da autonomia e consciência crítica dos cidadãos.
O conceito de letramento relacionado as tecnologias da informação e comunicação é considerado como o que conhecemos por letramento digital e que de uma maneira geral a realidade nos mostra que muitas pessoas que necessitam adequar-se às novas situações que envolvem a tecnologia ou estão fazendo uso inadequado, ou mostram-se totalmente dependentes para executar ações necessárias para suas necessidades ou realizam algumas tarefas sem ter clareza e de maneira muito “primária” ainda muito distante das suas reais possibilidades.  
  


SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. 2ª Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. Jan /Fev /Mar /Abr 2004, nº 25.

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