DA EXCLUSÃO SOCIAL À INCLUSÃO DIGITAL



A partir das leituras e reflexões sobre alguns textos que tratam do tema Inclusão Digital pude compreender um pouco sobre o assunto e repensar algumas coisas. Vamos começar pensando um pouco sobre a lógica do capitalismo  que resulta na exclusão no mundo do trabalho e na sociedade em geral. Bonilla e Oliveira (2011) trazem uma análise dessa lógica ao situar o desenvolvimento capitalista no Brasil em 1930, quando no novo modelo industrial os trabalhadores migram para a cidade, onde se mantém pobres, ocupando atividades informais, morando em favelas, com participação subordinada e alienada sendo essa estrutura imprescindível para a manutenção do sistema.

Castel (1998) trata da relação com o trabalho e defende que para entender o presente é preciso entender a história, sendo que o  presente é a herança e a memória. O sociólogo resgata essa relação enquanto suporte privilegiado de inscrição na estrutura social ao distinguir o trabalho estável que possibilita a integração, do trabalho instável que se situa na zona intermediária proporcionando precariedade e instabilidade, não sendo estes estáticos, podendo os indivíduos transitar da integração para a vulnerabilidade e também do contrário. Para tanto, o autor utiliza para definir essa conjuntura o termo “desfiliação social” nesse mesmo sentido ao propor analisar os graves problemas sociais gerados, os que estão em desvantagem social e, por conseguinte, a possibilidade de se pensar em uma intervenção de forma coerente nessa realidade social, que para ele não representa o “fazer sociedade” nessa dinâmica de separar e dividir, mas sim na de incluir e compartilhar tomando como base as ideias de Durkheim.

A exclusão social se amplia na medida em os indivíduos compartilham de carências e se tornam cada vez menos favorecidos do que é construído historicamente, especialmente na sociedade da informação. Desse modo, estar excluído socialmente significa estar fora, às margens  e estar incluído seria o mesmo que inserir e adaptar os sujeitos como seres ativos nessa complexa e múltipla realidade social. Mas não basta apenas fazer a relação exclusão/inclusão limitando-se a análise desses processos sociais, se faz necessário pensar e discutir as transformações possíveis dessa realidade.

Os termos exclusão e inclusão digital emergem na sociedade atual a partir do uso das tecnologias digitais, passando a compor mais um fator que privilegia os mais favorecidos socialmente. A universalização do uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC), passa a fazer parte do contexto da cidadania contemporânea mais na perspectiva do consumo do que na da emancipação. Lemos (2011), defende que a inclusão digital se dá quando o indivíduo é colocado num processo mais amplo de exercício pleno de sua cidadania e que deve ser pensada a partir do enriquecimento dos capitais cultural, social, intelectual e técnico, mas ao que me parece, pensando no contexto atual da educação, esse ideal está um pouco longe de acontecer apesar das políticas públicas de inclusão digital desde a primeira “versão” do PROINFO (programa nacional de informática na educação) 1997, até as mais recentes propostas nas políticas de inclusão digital que não se efetivam devido aos vários fatores no cenário da educação na sociedade da informação.

Posso resumir o que escrevi até aqui num grande “nó” e também numa inquietação diante das várias questões que me surgem a cabeça... pensar sobre a Educação brasileira,  suas políticas públicas, seus contextos e a que/quem tem servido, e sobre o papel da escola com um caráter essencialmente conservador e responsável pela transmissão do conhecimento na sociedade, de fato nos gera esse sentimento. A leitura do texto: Políticas públicas para a inclusão digital nas escolas (Bonilla, 2010), talvez me fez olhar diferente e menos inquieta ao perceber que mesmo de forma insuficiente e deficiente estamos caminhando para a perspectiva da universalização da inclusão digital, vista aqui como formação da cultura digital, mesmo que para isso ainda seja investido muito no sentido de tornar a escola como um lugar de formação de professores, alunos e comunidade escolar para a participação do movimento de transformação das formas de ser, conhecer, comunicar e produzir em sociedade através do uso das TIC e não apenas como meros consumidores. Uma das maiores questões da educação, a meu ver está relacionada ao repensar e ao refazer essas tensões entre as demandas das políticas publicas e a realidade educativa.


CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 1998 (Introdução).

BONILLA, Maria Helena; PRETTO, Nelson (org.). Inclusão digital: polêmica contemporânea. Salvador: Edufba, 2011 (prefácio e capítulo 1).

BONILLA, Maria Helena. Políticas públicas para inclusão digital nas escolas. Revista Motrivivência. Ano XXII, Nº 34, P. 40-60 Jun./2010.


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Tecnologia Assistiva



Como sugestão de leitura, deixamos:


GALVÃO FILHO, T. A. A Tecnologia Assistiva: de que se trata? In: MACHADO, G. J. C.; SOBRAL, M. N. (Orgs.). Conexões: educação, comunicação, inclusão e interculturalidade. 1 ed. Porto Alegre: Redes Editora, p. 207-235, 2009.

E como indicação de site para conhecer um pouco mais sobre a temática, sugerimos:   





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Provocante essa ilustração não é?
Quando vi esta gravura, logo fiz um link com a temática da Interatividade que foi muito bem discutida na última aula do dia 08/05. Os colegas Ugo, Sigmar e Harley trouxeram uma dinâmica que proporcionou bastante interação com a turma, com os ouvintes da rádio Faced e também através do Twiter. 
Entender e refletir sobre a Interatividade a partir de concepções várias, nos faz pensar o quanto a sociedade tem mudado sua forma de viver e conviver nesse novo cenário em que as tecnologias da informação e comunicação nos abre um leque de possibilidades de  inserção e participação no mundo social.
Vale a pena pensar sobre essas transformações e especialmente sobre os impactos que as mesmas tem causado nas mais diversas esferas da sociedade!

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